No dia em que é comemorado seu aniversário, o frevo irá se manifestar de Recife a Olinda entoando a animação e a efervescência que propaga há 112 anos, celebrados hoje. Em Olinda, mesmo sem a prefeitura ter programado nada de especial, as prévias carnavalescas tomarão conta do Sítio Histórico da cidade durante todo o dia. Já no Recife, o ritmo carnavalesco também virá com conteúdo histórico: aulas e palestras vão destacar a formação cultural desse movimento genuinamente pernambucano.
O frevo é um manifesto popular marcado pela ocupação das ruas, da resistência e luta das classes menos favorecidas. A trajetória que formou o que hoje conhecemos mais como um ritmo, vai muito além de um estilo musical de compasso binário e andamento rápido. A palavra remete a um movimento social que refletiu, ao longo de mais de um século, a situação social vivida nos centros urbanos do Recife e Olinda.
Datado em 9 de fevereiro, o aniversário do frevo surgiu após convenção de intelectuais, historiadores e poder público, que reconheceram oficialmente a primeira aparição do frevo no Jornal Pequeno, em 1907. Mesmo assim, o movimento cultural já existia antes da divulgação no jornal. É o que aponta a historiadora da Fundação Joaquim Nabuco, especialista em Carnaval, Rita de Cássia Barbosa.
“Esse processo de gestação do frevo remete a muito antes disso. Vem do século 19, sobretudo da década de 80 e 90, período de muitas transformações políticas, econômicas e sociais, com o fim da escravidão, o advento da República e a formação de uma classe trabalhadora”, pontuou. “Nesse caldeirão social surgem as múltiplas expressões culturais, uma delas, e a mais forte, é o frevo. Porque de fato nascia algo extremamente novo. Novo enquanto fenômeno cultural, novo enquanto linguagem e novo enquanto música, uma expressão da nova classe trabalhadora”, destacou.
No resgate dessas raízes, o grupo Guerreiros do Passo foi criado há quase 12 anos. Formado por entusiastas do frevo, os integrantes se vestem como no século 19 e dançam o frevo na levada de antigamente, com passos menos estéticos, mas que falam muito corporalmente. O coletivo realizava aulas de frevo todos os sábados, a partir das 15h, na Praça do Hipódromo, Zona Norte do Recife. No Dia do Frevo não será diferente.
O passista e professor do Guerreiros do Passo, Laércio Olímpio, destacou que o frevo pertence ao povo, ao folião, e isso engrandece a manifestação em Pernambuco. “Não podemos esquecer nunca da importância da agremiação, do folião e da música. São esses os elementos que fazem o Carnaval de Pernambuco ser o melhor do Brasil e do mundo”, ressaltou o passista, que se considera um pouco historiador. “Cada elemento do Guerreiros carrega história, porque recorremos ao que é nosso. Não temos nenhum passista da época, mas tentamos fazer esse elo com o passado porque queremos guardar o que fez o nosso ritmo maior ser o que é.”
Por conta dessa gama de ingredientes que sustentam o ritmo, hoje, no 3º andar do Paço do Frevo, no Bairro do Recife, às 15h50, haverá palestras e exibições de professores e alunos do museu. A Transversal Frevo Orquestra, de César Michiles, também se apresenta. O ritmo vai se espalhar ainda pela Praça do Arsenal, a partir das 15h e na Zona Sul.
De acordo com a Prefeitura de Olinda, a cidade comemora o aniversário do frevo em 4 de dezembro, quando ele foi considerado patrimônio internacional. Mas hoje, no Sítio Histórico, haverá desfile de blocos durante todo o dia, entre eles o tradicional Eu Acho é Pouco.
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