O nível dos rios que abastecem as hidrelétricas deve continuar abaixo da média histórica nos próximos dias. É o que projeta o relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Dados da instituição apontam que todas as regiões do Brasil estão com esse problema, mas no Sul, Centro-Oeste e Sudeste a situação é ainda mais delicada.
Por meio de nota, o ONS informou que “não tem como garantir até quando se estenderá a escassez hídrica. Mas historicamente em novembro já começa o período úmido”. O operador pontuou, ainda, que teve que “adotar algumas ações excepcionais para enfrentar com segurança este período de baixa dos reservatórios e garantir o suprimento de energia”.
Entre as medidas estão a ampliação do acionamento das térmicas, solicitação de flexibilizações hidráulicas de algumas bacias que abastecem os reservatórios das usinas hidrelétricas e importação de energia da Argentina e do Uruguai, quando possível, sem limitação nos montantes e preços associados.
A previsão é que a região Sudeste, em conjunto com a Centro-Oeste, termine o mês de julho com os reservatórios em 26% da capacidade. Ou seja, quase um quarto do total. Já a região Sul deve ficar com os reservatórios em 45% da capacidade. Enquanto isso, o Nordeste deve terminar o mês com 53% da capacidade e a região Norte com 80% dos reservatórios cheios.
Para o coordenador de Sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias, é importante que haja uma boa gestão do uso da água, assim como da energia gerada por ela, para garantir, entre outras coisas, qualidade e volume na produção de alimentos.
“Temos que lembrar que a água tanto é insumo para geração de energia elétrica e insumo essencial para produção agropecuária brasileira. Aquela geração que garante segurança alimentar, empregos e todos os produtos que chegam à mesa dos consumidores brasileiros”, pontua.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, a crise hídrica não ocorre somente no Brasil, e que se trata de um processo de mudança climática. Ele pontuou, ainda, que o quadro não ocorre em todo o país, mas concentrada particularmente na região Centro-Oeste e no Sudeste.
A estimativa é de que o volume de chuvas do Brasil, em 2021, seja o menor dos últimos 90 anos. Inclusive, o governo iniciou uma campanha para o consumo consciente de água e luz. No entanto, a possibilidade de racionamento foi descartada.
A previsão é de que o consumo de energia deve aumentar 3,7% em julho deste ano em relação ao mesmo mês de 2020. Essa elevação está relacionada aos crescimentos das atividades do comércio, serviços e da produção industrial.
O economista da FGV IBRE, André Braz, explica que o aumento do nível dos reservatórios depende, além de um maior volume de chuvas, que essa água caia em pontos estratégicos.
“Às vezes chove muito, mas em áreas que não possibilitam a captação desse volume de água para o reservatório. Então, é importante chover, mas nas áreas onde os reservatórios estão instalados. Porque às vezes chove em determinada região do país e a gente acha que o sistema hídrico está normalizado, mas a conta de luz só faz subir. Isso ocorre porque aquela chuva não está na área que nos ajudaria a ter uma geração de energia mais barata”, destaca.
O ONS acredita que o valor gasto para atender a produção da energia deve ser de R$ 1.030 por megawatts hora. Neste caso, haverá um salto de 7% em comparação com a quadro da última semana. Essa diferença pode se dar pelo aumento do consumo de energia gerada pelas termelétricas, consideradas mais caras.
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